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Aula dia 16.03.2013 - Educação Oriental e Grega



LEITURA COMPLEMENTAR

A educação chinesa como padrão de educação oriental

Os sistemas orientais de educação diferem muito em detalhe. Embora o sistema chinês seja mais complexo e elaborado que os de outros povos asiáticos, é, em seus traços essenciais, o protótipo de todos eles.
Com o chinês — e também com o hindu, o egípcio e o hebreu — a educação centralizou-se no conhecimento de uma linguagem tecnicamente complexa, difícil de dominar, e na posse da sabedoria do passado contida em sua literatura. Em todos os casos essa literatura expunha largamente as formas de conduta e o cerimonial religioso; e, com o hindu, o egípcio e o hebreu, constituía posse exclusiva da classe sacerdotal. Se na China tal classe não constitui o sacerdócio, de todos os modos ela é, como nos demais países, a classe dominante na sociedade.
Em todos os casos, os mestres dessa literatura estavam impregnados do conhecimento do passado e especialmente interessados na conservação dos meios tradicionais de ação. Porém, quanto às massas populares, a educação consistia em receber estipulações a respeito do "que fazer" e do "como fazer". A conduta das massas, na maioria dos povos orientais, fica a cargo da classe educada do sacerdócio; entre os chineses, está a cargo dos funcionários igualmente educados. Para as massas populares, não há nenhuma educação formal. Sua educação assistemática consiste na educação em conduta e atividades práticas, dadas pelos sacerdotes, pela classe literária governante e pela geração adulta no lar. Para a classe escolhida há um treino em leitura, em escrita, em composição literária e na exposição da literatura.
Ao indivíduo não se permite nenhuma variação das formas estabelecidas. A conduta é prescrita nos mais minuciosos detalhes. Este domínio de uma autoridade externa é o característico de todos os orientais. Na índia essa autoridade é exercida por intermédio do sistema de castas: entre os hebreus, através da teocracia: no Egito, pela combinação da classe sacerdotal governante e do sistema de castas, desenvolvido parcialmente; na China, mediante o sistema educativo de Confúcio. Destarte, o oriental é consciente do passado, como não o é o homem primitivo; e ele tenta impedir qualquer variação do passado, provocada pela iniciativa individual.
O resultado desse domínio da autoridade externa sobre a sua vida, e do desenvolvimento de um esquema educacional apropriado para atingi-lo — é duplo. A sociedade torna-se estável, mas permanece estacionária. A civilização, material e espiritualmente, não é progressiva. Assim, acontece que em tais sociedades a educação atinge imediatamente o fim a que é destinada. De fato, esta estabilidade se refere somente as forças internas: mas quando um povo é isolado, como o chinês, tal educação é efetiva, por um longo período. Nem individual nem socialmente, porém, esta educação proporciona um poder de ajustamento a novas condições.
Quanto à vida interior ou subjetiva, são ainda as prescrições externas que governam. Tudo o que caracteriza o espírito livre — arte, ciência, religião, educação de um povo ocidental — não existe, ou tende a não existir, na educação chinesa. Neste ponto, ela é ainda típica. A arte torna-se decoração externa: a literatura, uma formação efusiva em que o mérito está no estilo e não no pensamento; a ciência torna-se ocultismo, e as descobertas são resultados do acaso: a religião exalta unicamente o culto formal, no qual quase não há lugar para a personalidade livre; a moral é governada pelas formas tradicionais: a educação não dá lugar à atividade pessoal. Se nesses característicos, como na ética e religião dos judeus, há marcadas exceções, tais exceções apenas provam a tendência preponderante.
Resulta, assim, que entre a maioria dos povos orientais podem ser encontrados sistemas educativos duradouros e coroados de êxito. Tais sistemas mostram uma profunda correlação entre fins e resultados, e, neste aspecto, podem ser altamente classificados. Contudo, a comparação com sistemas mais modernos deve ser estabelecida na base dos objetivos da educação.
A rapidez com que os japoneses modificaram a sua antiga estrutura social e assimilaram a cultura da civilização ocidental, sobretudo por meio da educação do ocidente, indica a extensão em que as características da sociedade oriental devem-se mais à educação estabelecida do que aos traços sociais inerentes.
O tipo oriental de educação tem por alvo, simplesmente, recapitular o passado, resumir no indivíduo a vida do pastado, de modo que ele não a possa modificar nem avançar além dela. Aspira a formar hábitos de pensamento e ação idênticos aos do passado, sem desenvolver nenhuma capacidade para modificar ou ajustar os hábitos às novas circunstâncias. Quando a instrução é acrescentada ao treino, ela é feita sem nenhuma base racional. Não é instrução no sentido de procurar interpretar para o indivíduo o sentido de um costume social. A educação consiste, essencialmente: 1º) em indicar para o indivíduo o "que fazer, sentir ou pensar"; 2º) no modo exato por que o ato deve ser realizado, ou no modo pelo qual deve ser expressa a reação emocional; 3º) na constante repetição até que o hábito seja fixado com toda a exatidão. Esta é a educação como Recapitulação, que é o segundo estádio no desenvolvimento educacional.
(MONROE, P. Op.  cit., p. 23-6.), citado por Nelson Piletti e Claudino Piletti em História da Educação. Ática, SP, 1994, pg. 23-24.

LEITURA COMPLEMENTAR 

Ricos e pobres na educação grega

Aquilo que a cultura grega chama com pleno efeito de educação, paidéia, dando à palavra o sentido de, formação harmônica do homem para a vida da pólis, através do desenvolvi¬mento de todo o corpo e toda a consciência, começa de fato fora de casa, depois dos sete anos. Até lá a criança convive com a sua criação, convivendo com a mãe e escravos domésticos.
Para além ainda do que entre os sete e os catorze anos aprende com o mestre-escola, a verdadeira educação do jovem aristocrata é o fruto do lento trabalho de um ou de poucos mestres que acompanham o educando por muitos anos. (. . .)
Durante muitos séculos os "pobres" da Grécia aprenderam desde crianças fora das escolas: nas oficinas e nos campos de lavoura e pastoreio. Os meninos "ricos" inicialmente aprenderam também fora da escola, em acampamentos ou ao redor de velhos mestres. Além das agências estatais de educação, como a Efebia de Esparta, que educava o jovem nobre-guerreiro, toda a educação fora do lar e da oficina é uma empresa particular mesmo quando não é paga. Particular e restrita a pouca gente.
Apenas quando a democratização da cultura e da participação na vida pública colocam a necessidade da democratização do saber, é que surge a escola aberta a qualquer menino livre da cidade-estado. A escola primária surge em Atenas por volta do ano 600 a.C. Antes dela havia locais de ensino de metecos e rapsodistas que aos interessados ensinavam "a fixar em símbolos os negócios e os cantos". Só depois da invenção da escola de primeiras letras é que o seu estudo é pouco a pouco incorporado à educação dos meninos nobres. Assim, surgem em Atenas escolas de bairro, não raro "lojas do ensinar", abertas entre as outras no mercado. Ali um humilde mestre-escola, "reduzido pela miséria a ensinar", leciona as primeiras letras e contas. O menino escravo, que aprende com o trabalho a que o obrigam, não chega sequer a esta escola. O menino livre e plebeu em geral pára nela. O menino livre e nobre passa por ela depressa em direção aos lugares e aos graus onde a educação grega forma de fato o seu modelo de "adulto educado".
Citação de Sólon, legislador grego: "As crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler; em seguida, os pobres devem exercitar-se na agricultura ou em uma indústria qualquer, ao passo que os ricos devem se preocupar com a música e a equitação. E entregar-se à Filosofia, à caça e à frequência aos ginásios".
Esta concepção, Xenofonte, historiador, poeta, filósofo e militar grego, criticaria quase dois séculos depois: "Só os que podem criar os seus filhos para não fazerem nada é que os enviam à escola; os que não podem, não enviam".

(BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 2. ed. São Paulo, Brasiliense, 1981. p. 38-40.), citado por Nelson Piletti e Claudino Piletti em História da Educação. Ática, SP, 1994, pg. 40-41.

ATIVIDADE
Após estudar os textos da Leitura Complementar, as grades comparativas e aula ministrada. Responder e entregar ao professor na próxima aula (trabalho para nota).

1) Qual a consequência educacional do fato de as primitivas civilizações orientais possuírem línguas geralmente muito difíceis?

2) Qual O método utilizado na educação chinesa?

3) Que tipo de educação recebiam os representantes de cada classe social na Índia?

4) Em que aspecto os judeus se diferenciam dos demais povos orientais?

5) Em que era centralizada a instrução que os judeus recebiam?
6) Quem ministrava a instrução aos judeus?

7) Qual a principal característica da educação grega?

8) Quais os períodos da educação grega (faça uma linha do tempo)?

9) Qual a contribuição educacional dos três principais filósofos gregos?

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